O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), afirmou em seu primeiro depoimento de delação premiada à Polícia Federal (PF) que Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) integravam uma ala do círculo próximo ao ex-presidente após as eleições de 2022 que apoiava um suposto golpe de Estado.
De acordo com o depoimento, prestado em agosto de 2023 e vazado neste fim de semana, ambos mantinham conversas frequentes com Bolsonaro, supostamente incentivando-o a considerar um golpe de Estado para se manter no poder. As informações foram inicialmente divulgadas pelo jornalista Elio Gaspari, do jornal O Globo e da Folha de S. Paulo.
Por que Michele e Eduardo não foram indiciados?
Fontes ligadas às investigações afirmaram à Gazeta do Povo que delação não é prova e que Michele e Eduardo Bolsonaro não estão entre os indiciados porque não foram localizadas evidências que os colocasse como incentivadores, apoiadores ou articuladores de um suposto plano golpista.
Segundo o depoimento de Cid, após a derrota de Bolsonaro para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022, o entorno do ex-presidente dividia-se em três grupos: os “conservadores,” que queriam consolidar Bolsonaro como líder da oposição; os “moderados,” que, embora críticos ao processo eleitoral, rejeitavam ações radicais; e um grupo que ele nominou como “radicais,” com divisões internas entre os que defendiam investigação de supostas fraudes e aqueles que apoiavam medidas armadas.
Michele e Eduardo Bolsonaro, apontados por Cid como integrantes desta última ala, ainda não se manifestaram sobre o vazamento do primeiro depoimento de Mauro Cid.
Michelle e Eduardo seriam “presidenciáveis”
Ele também elogiou a popularidade crescente de Michelle, citando sua presença em eventos internacionais como um diferencial. Bolsonaro brincou sobre a possibilidade de ela concorrer, afirmando que seria uma “boa opção” e sugerindo que, em um eventual governo dela, poderia ocupar o cargo de ministro-chefe da Casa Civil.
Neste domingo (26) advogados de Bolsonaro criticaram o que chamaram de vazamento seletivo de informações referentes à investigação e aos depoimentos de Mauro Cid e afirmaram que, enquanto dados são repassados a veículos de comunicação, a defesa tem acesso limitado aos autos.