Lula convocou a reunião com Viera após ser informado de que os brasileiros deportados pelos Estados Unidos foram trazidos sob o que o governo considerou como “condições degradantes”, algemados e relatando maus-tratos no voo que pousou em Manaus. O presidente determinou que a Força Aérea Brasileira (FAB) transportasse os deportados para Confins (MG), na Grande Belo Horizonte.
O Ministério das Relações Exteriores emitiu uma nota oficial no domingo (26) condenando o tratamento dado aos brasileiros e apontando violações ao acordo firmado com os EUA em 2018.
“O uso indiscriminado de algemas e correntes viola os termos de acordo com os Estados Unidos, que prevê o tratamento digno, respeitoso e humano dos repatriados. […] O governo brasileiro considera inaceitável que as condições acordadas com o governo norte-americano não sejam respeitadas”, afirmou o comunicado.
“O Ministério da Justiça e Segurança Pública enfatiza que a dignidade da pessoa humana é um princípio basilar da Constituição Federal e um dos pilares do Estado Democrático de Direito, configurando valores inegociáveis”, completou a pasta.
A crise foi ampliada no domingo (26) após o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, recusar a chegada de dois aviões militares americanos com migrantes deportados, afirmando que “os Estados Unidos não podem tratar os migrantes colombianos como criminosos” e defendendo que os deportados fossem transportados em aviões civis com dignidade.
Como resposta, o presidente americano Donald Trump anunciou sanções à Colômbia, incluindo a revogação de vistos de funcionários do governo colombiano e a imposição de tarifas de emergência de 25% sobre produtos do país. Petro rebateu com a promessa de taxar produtos norte-americanos, mas a crise foi contornada após negociações diplomáticas, levando à retirada das sobretaxas.
O Brasil agora enfrenta pressão internacional para se posicionar sobre o impasse, e deve definir até terça (28) como Lula participará do encontro da Celac pedido por Petro para quinta (30).