Isso porque, na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de 2024, os diretores sinalizaram que poderiam promover mais dois aumentos de 1 ponto percentual nas primeiras reuniões deste ano. No entanto, apesar da sinalização, o colegiado tem autonomia para decidir se segue ou não com a avaliação.
Ambas as postagens também omitiram que a decisão de aumentar a Selic na reunião desta semana foi unânime entre os diretores da autarquia – agora de maioria indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em especial o novo mandatário do banco, Gabriel Galípolo.
Na postagem de Gleisi, o sistema de “Notas da Comunidade” aponta que “a taxa não é determinada previamente.
“Mesmo que o Banco Central tenha indicado uma direção na reunião anterior (conhecida como forward guidance), os membros do Copom se reúnem e votam a decisão com base na situação econômica do momento”, aponta com um link para uma página do próprio Banco Central.
A página da autarquia explica que “a reunião do Copom segue um processo que procura embasar da melhor forma possível a sua decisão. Os membros do Copom assistem a apresentações técnicas do corpo funcional do BC, que tratam da evolução e perspectivas das economias brasileira e mundial, das condições de liquidez e do comportamento dos mercados. Assim, o Comitê utiliza um amplo conjunto de informações para embasar sua decisão” (veja na íntegra).
A postagem de Lindbergh Farias foi corrigida no mesmo sentido, com a nota relatando que “a afirmação de que as taxas de juros são pré determinadas a partir de dezembro é falsa, pois elas só são definidas após cada reunião do COPOM, a cada 45 dias”, também direcionando para a mesma página do Banco Central.
“A decisão é tomada com base na avaliação do cenário macroeconômico e os principais riscos a ele associados. Todos os membros do Copom presentes na reunião votam e seus votos são divulgados. As decisões do Copom são tomadas visando com que a inflação medida pelo IPCA situe-se em linha com a meta definida pelo CMN”, completa a explicação da autoridade monetária.
A reunião desta semana foi a primeira comandada por Gabriel Galípolo e a nova diretoria da autarquia. Na última reunião de 2024, o Banco Central elevou a Selic em 1 ponto percentual e alertou para duas altas consecutivas da mesma magnitude.
Em nota, o Copom afirmou que a elevação da Selic “é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante”.
O comitê destacou que, “sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”.
Caso o cenário adverso para a convergência da inflação permaneça, o Copom antevê um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião, marcada para março. Segundo o colegiado, a magnitude total do ciclo de aperto monetário para as próximas reuniões “dependerá da evolução da dinâmica da inflação”.